O Destino que Caminha

Senhora,

É terra de matas muy limpas, e muy cerradinhas, e solo onde, a constar pela riqueza da vegetação, em se plantando, tudo dá. Viemos a encontrar o cume dos morros azuis ao fim da tarde da véspera, e foi alegria muy viva a que se espalhou pelo convés ao grito de terra à vista. A nau encontra-se, agora, ancorada ao largo da costa, a distância não muita da praia, suficiente para que se possa avistar, por sobre a areia, altas árvores esguias, de onde chegou por todo o dia o canto de alguma ave antípoda de voz suave. E há gentes, Senhora. A custo evito-lhe a completa descrição física, para evitar-te o pudor, mas são inteiramente selvagens e bronzeados, de peles vermelhas e cabelos lisos e pretos, e mostraram-se muy admirados ao verem o barrete encarnado lançado à praia por Nicolau Coelho, que se aproximou com um batel a algumas horas. Andam armados com arcos e frechas, mas parecem gentis, os gentios. A mim, Senhora, me parecem, de facto, pueris e inocentes, com alma tão singela e infantil que se mostraram absolutamente assustados com nossas barbas de homem. Olha, não fosse isso andar eu a ser herético, Senhora, diria que talvez tivéssemos esbarrado nós com o Éden.




3 comentários:

Darshany L. disse...

Descobriiiii!

(graças à Flora, auto-declarada caloura burra)

bia de barros disse...

e você, harry, pelo visto descobriu mesmo o éden.
e que nós expulsamos deus do paraíso, e isso é engraçado.
^~

volto sempre,
some não. *;

Flora disse...

harry
eu que tenho vergonha de saber que você lê os meus textos,enquanto os seus são geniais demais.
Deixa de ser egoísta harry,joga fora esse jeito de ser modesto
você é geial mesmo...Cada vez mais que leio seus textos,mais te admiro por ser assim,tãi sublime.
beijos